Morri de rir com esse texto do Fernando Luna, que escreve pro jornal Destak.
Vale a pena conferir, qdo tiver um tempinho!
Beijo em todos!
FERNANDO LUNA*
Por: Da redação
Última atualização 09/09/2008@03:21:13 GMT-3
A dieta básica do brasileiro inclui arroz, feijão, salada, bife e televisão de 42 polegadas. Pelo menos é nisso que parecem acreditar os donos de botequins, padarias, bares e restaurantes. Cada vez mais, você sai atrás de uma refeição e dá de cara com uma tevê com mais polegadas que Martha Rocha e tela plana. É, a tela precisa ser plana. Os modelos de tubo denigrem a imagem – principalmente a do próprio estabelecimento.
Ao contrário da rúcula com tomate seco (ficou manjada demais), do petit gâteau (nunca acertam o ponto ideal) e do creme de papaia (embora as churrascarias rodízio insistam nele), a tevê é mais que um modismo culinário. Minha vizinhança não me deixa mentir. O primeiro indício foi a padaria nova. Que, não, não tem televisão de cachorro. Em vez da pavloviana máquina de assar frangos à vista de fregueses e vira-latas, oferece nada menos que três televisores. E daqueles que dão vontade de parcelar no cartão em 12 vezes sem juros e com frete grátis. Domingo de manhã, estava lotada. Famílias à mesa, um grupo de amigos recuperando calorias após uma corrida, casais ainda de cara amassada. Boa parte dessa turma, abduzida pela tevê. Namorados até sentam lado a lado, não pela proximidade física, mas para ficar de frente para a tela. Conversar? Talvez na hora do intervalo.
O botequim do outro lado da rua também aderiu. Era um daqueles bem tradicionais, pé-sujo. Nada a ver com esses botecos de grife, em que se gasta uma fortuna na decoração para deixar o lugar com cara de velho.Se botequim novo tenta fingir que tem história, um antigo quer mais é apagar as marcas da própria história – ainda que isso signifique acabar sem identidade, para não dizer sem graça mesmo.
Por isso, quando as portas baixaram e se anunciou a tal “reforma para melhor servi-lo”, fui logo me preparando para o pior. E ele veio. Azulejos deram lugar ao porcelanato, a iluminação ganhou watts capazes de esgotar ao menos uma turbina de Itaipu e, tchanam!, o salão levou uma tevê que pode ser avistada da Lua. Bom, pelo menos do décimo andar do meu prédio dá para ver bem. Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, escreveu que “feijoada só é completa quando acompanhada de uma ambulância de plantão”.
Vale botar água no feijão e acrescentar: e de uma tevê.
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